(...) "Com a ponta da língua pude sentir a semente apontando
sob a polpa. Varei-a. O sumo ácido inundou-me a boca. Cuspi
a semente: assim queria escrever, indo ao âmago do âmago
até atingir a semente resguardada lá no fundo como um feto".
(Verde lagarto amarelo)
- Lygia é contemporânea de autores como Clarice Lispector, Autran Dourado, Murilo Rubião e José J. Veiga, representantes do realismo-intimista-existencialista, incluindo, em alguns desses autores, fortes dosagens do realismo fantástico. É uma literatura que não se contenta com a abordagem naturalista e superficial, antes se esmera em vasculhar os labirintos humanos, mergulhando em seus dramas de consciência, seus conflitos, angústias e opressões, situando o ser humano diante do enigma do mundo
- Desde seus primeiros contos, Lygia sempre foi fiel à sua temática, que apresenta cunho social e psicológico: traição, desajuste, baixeza, exclusão, rejeição, ciúmes, desencontros, diferenças sociais, frustrações, medo da morte e tênue limite entre e o real e irreal.